Quando de fato começa a aprendizagem?

Imagem retirada do google, créditos não encontrados.

Jeniffer Bagatin
Universidade Federal de São Carlos

Palavras-chave: Desenvolvimento. Aprendizagem. Cognitivo. Piaget.

Introdução
A ciência do desenvolvimento humano estuda as mudanças relacionadas à idade no comportamento, no pensamento, nas emoções e também na personalidade. Os estudos científicos relacionados às mudanças de acordo com a idade subdividem-se em três categorias:
1.    o domínio físico: que relata as mudanças de tamanho, forma e características do corpo;
2.    o domínio cognitivo: que engloba as mudanças no pensamento, na memória, na resolução de problemas e outras habilidades intelectuais;  e, por fim
3.    o domínio socioemocional ou psicossocial, que inclui mudanças associadas ao relacionamento da criança com os outros e consigo mesma.
O desenvolvimento é composto por processos de aprendizados que vão se organizando ao longo do tempo, desde os mais simples aos mais complexos. O aprendizado das crianças está ligado diretamente às vivências e interações que essa criança tem ao longo da vida. Para Piaget, o conhecimento é fruto das trocas entre o organismo e o meio. Essas trocas são responsáveis pela construção da própria capacidade de conhecer. Produzem estruturas mentais que aparecem como resultado das solicitações do meio ao organismo.
Desenvolvimento
Pesquisas mostram que o ser humano desde bebê começa a absorver informações e impressões que permanecerão por toda vida. O processo educacional já começa antes mesmo da criança desenvolver a fala, pois desde o berço a criança já observa e absorve tudo que acontece ao seu redor, ou até antes, pois o feto responde a estímulos como ruídos, sentimentos de afeto e percepção de vozes.
Com relação ao domínio cognitivo segundo Piaget, podemos dividi-lo em quatro estágios que estão ligados ao desenvolvimento da afetividade e da socialização da criança, esses estágios são: estádio da inteligência sensório-motora, estádio da inteligência simbólica ou pré-operatória, estádio da inteligência operatória concreta e estádio da inteligência formal.
No período sensório motor que dura do nascimento até aproximadamente os dois anos de idade, as realizações da criança formam a base de todos seus processos cognitivos, são suas primeiras formas de expressão e pensamento.
Primeiramente, se dá inicio ao desenvolvimento dos reflexos que surgem automaticamente a partir de estímulos. Posteriormente, a criança começa a assimilar objetos no conjunto de suas ações, e com o decorrer de seu desenvolvimento começa a interagir com ele de diversas maneiras. A partir daí, começa a ocorrer a transição para o período simbólico, portanto dá-se inicio à fase do famoso “faz de conta”, a criança já é capaz de representar objetos ausentes, mas que remetem a acontecimentos lembrados.
Na inteligência simbólica ou pré-operatória que se inicia aos dois anos de idade e vai até os setes anos em média, a criança sai do “faz de conta” e passa a agir “como se”, ou seja, começa a imitar, a imitação torna se a substituição do objeto.
Nesse estágio os aspectos mais presentes no pensamento são o egocentrismo, onde a criança não compreende as coisas do ponto de vista que não seja o seu, tem dificuldades com processos de transformação, problemas com mudanças e com processos reversivos.
É ainda nesse estágio que a criança desenvolve a oralidade, ela desenvolve o pensamento aceleradamente, no final do período começa a querer saber a razão e a causa de tudo é a famosa fase dos “porquês”.
O período operatório concreto dura dos 7 aos 11/12 anos de idade em média, a criança adquire habilidade de resolver problemas concretos, surge a capacidade de fazer análises lógicas, a criança vai aos poucos ultrapassando o egocentrismo, dando lugar á empatia com os sentimentos e atitudes do outro.
Nesse estágio a criança também aprimora algumas características, como por exemplo: começam a colaborar mais, a concentrar-se mais e há o aumento da responsabilidade e do respeito aos outros.
No estádio operatório formal que é desenvolvido a partir dos 12 anos de idade em média, o adolescente começa a raciocinar lógica e sistematicamente.
 É a partir daí que o adolescente tem acesso a um raciocínio hipotético-dedutivo, ele pode chegar a conclusões a partir de hipóteses, sem necessidade de observações, manipulações ou referências concretas.
O pensamento hipotético-dedutivo é o mais importante aspecto apresentado nessa fase de desenvolvimento, pois o ser humano passa a criar hipóteses para tentar explicar e sanar problemas, o foco desvia-se do "é" para o "poderia ser".

Considerações finais
Adquirir conhecimento sobre o mundo ao longo da vida equivale a dizer que estamos sujeitos à adaptação ao meio praticamente o tempo todo. Assim, não é errado dizer que em condições normais, estamos nos desenvolvendo cognitivamente todos os dias enquanto vivermos.
Conclui-se que segundo a teoria de Piaget a passagem de um estágio a outro estaria dependente da consolidação e superação do estágio anterior. É importante lembrar que a transformação de um conhecimento prévio em um novo, forma a base da aprendizagem e do desenvolvimento cognitivo da criança.
O importante é reconhecer que tanto a escola como a família devem em conjunto buscar a construção do conhecimento, sempre estimulando a criatividade, a capacidade de análise crítica e a autonomia da criança.

Referências
BEE, Helen; BOYD, Denise. A criança em Desenvolvimento. 11ª Ed. ArtMed, 2011. 568 p.
CAVICCHIA, Durlei de Carvalho. O desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida. Araraquara, UNESP 15 p. Disponível em: http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pdf Acesso em: 25 de junho de 2014.
PERCEPÇÕES e práticas da sociedade brasileira sobre a fase inicial da vida. Primeiríssima Infância. Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, 2013. 100 P. Disponível em: http://www.fmcsv.org.br/pt-br/acervo-digital/Paginas/Primeir%C3%ADssima-Inf%C3%A2ncia---uma-pesquisa-da-FMCSV-e-Ibope.aspx Acesso em: 25 de junho de 2014.



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