Universidade Federal de São Carlos
Palavras-chave:
Arte. Reflexão. Politica Educacional.
Introdução
Embora a arte faça parte do mundo
desde a pré-história, e tenha ocupado lugar de grande importância em todas as
civilizações, uma vez que, ela corresponde a uma necessidade humana e social,
que atribui significados ao mundo e a nós mesmos, pois permite a junção do
pensamento lógico, do nosso conceito de mundo físico, ao pensamento artístico,
para ampliar o horizonte de nossa experiência sensível.
Somente com a reforma de 1971, a Lei
n°. 5.692 (Brasil 1971) incluiu a arte no currículo escolar, como “atividade
educativa”. Posteriormente em 1996, a Lei n°. 9.394 tornou-a componente
obrigatório para o “desenvolvimento cultural dos alunos”.
Cultura no sentido etimológico é o
cultivo do ser em seu processo de humanização. A cultura além de mediar nossa
relação com o mundo, também age como elemento de união entre os que adotam os
mesmos valores e costumes, dando um sentido de pertencimento, de fazer parte de
determinado grupo.
As obras de arte servem para contar
a história, e passaram a se desvincular do objeto por seus valores intrínsecos.
Se a interpretação de uma obra de arte depende do conhecimento, não só das
várias linguagens, mas dos estilos e dos movimentos.
A educação artística tem papel
fundamental em nossa capacidade para compreender as múltiplas possibilidades do
mundo vivido, por meio da percepção artística, discutindo a imaginação, a
inspiração, o sentimento, a atitude estética, ou seja, a cognição por meio dos
sentidos, que alia à sensação e o sentimento racional, a capacidade de falar ao
sentimento, a arte como forma de pensamento.
As políticas educacionais da
atualidade necessitam adequar-se às questões sociais que estão refletidas na
escola pública, como por exemplo, o desemprego, a violência e a marginalização.
A educação em arte propõe o caminho da convivência com as obras de arte, tanto
de galerias e museus, das praças públicas, bancos e repartições do governo,
quanto àquelas anônimas, que encontramos na mão de um artesão ou no cinema, no
teatro, na TV ou rádio.
É por meio desse contato aberto e
eclético que podemos afinar nossa sensibilidade para as sutilezas de cada obra,
sem impor o nosso gosto ou padrões subjetivos. Assim, esperamos presenciar o
despertar de uma cultura democrática em que valores como diversidade,
sensibilidade e cidadania sejam postos em evidência.
“Algo incorporado à vida do sujeito, que faça
buscar a presença da arte como uma necessidade e um prazer, como fruição ou
como produção, porque em ambas a arte promove a experiência criadora da
sensibilização”. (MEIRA 2003, p.131)
Neste artigo, pretendemos mostrar um
ponto de vista distante da realidade que se acentua, como possíveis reflexos da
globalização que atende ao modelo que o Estado adotou ainda no Regime Miliar,
que visa atender o mundo tecnológico e a sociedade industrial, formando
mão-de-obra qualificada, transformando o educador e o educando em capital
humano para a produção de lucros individuais.
A formação dos professores e a realidade
escolar
“Muitas são as questões que
envolvem os motivos de tantas fragilidades conceituais e metodológicas no campo
do ensino-aprendizagem em Arte: a inexistência de recursos humanos, a
inexperiência pedagógica e a consequente falta de questionamentos. [...] Faz-se
necessário repensar o papel da Arte na educação frente às reformas curriculares
advindas da LDB atual (Lei 9.394/96) e os Parâmetros Curriculares Nacionais
Arte elaborados pelo MEC* [...] que ratificam a presença das diversas
linguagens artísticas nas escolas”. (MAGALHÃES 2002, p
164-165).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) são propostas do Ministério da Educação e do Desporto (MEC) para a
abordagem curricular, com o objetivo de ser um referencial comum para a
educação de todos os estados brasileiros. Este conjunto de documentos orientam
os professores, apresentam direções, caminhos, conteúdos, linguagens e
critérios de avaliação, entretanto, muitos docentes demonstram dificuldades em
aplicar as sugestões apresentadas pelo MEC, de forma que também nos leva a
refletir e a indagar a respeito da formação desses professores, pois a melhoria
da qualidade do ensino requer maior atenção e políticas públicas de formação
inicial e continuada dos profissionais de educação.
Para que tal objetivo seja
alcançado, é necessário que os educadores desenvolvam uma consciência política
em que estejam integradas, arte, educação e cultura, juntamente com uma
proposta que dê prioridade às necessidades frequentes das escolas públicas. É
importante que os professores dessa disciplina tenham compreensão histórica do
ensino da Arte, e consigam desenvolver uma análise das políticas que já foram
adotadas em períodos passados e das políticas atuais, com o objetivo de
auxiliá-los na prática pedagógica.
“Faz-se necessário trabalhar com profissionais
da educação de maneira que eles, sendo capazes de compreender suas práticas e
refletir sobre elas, sejam também capazes de transformar as suas lógicas de
ensino”. (JESUS 2002, p.111)
Contudo, deveriam de fato, dar maior
ênfase à realidade escolar, atendendo as necessidades de aprendizagem do aluno,
dentro do seu contexto social, cultural e econômico. Uma vez que devemos
contribuir com o desenvolvimento de uma consciência crítica e de valores
vinculados à cidadania nos alunos, questionando a qualidade do ensino, por meio
da percepção do cotidiano, levando-os a indagarem o senso comum e descobrirem
novos significados para as relações humanas.
“Os docentes deveriam estar sempre em contato
com a produção de imagens do seu tempo e atentos àquelas que eram produzidas
pelos alunos em sala através de desenhos e pinturas. O resgate da cultura da
imagem se tornou necessário, o que passou a ser visto pelos estudiosos e
pesquisadores como fator relevante para a formação do aluno”. (GOMES E
NOGUEIRA 2008, p, 583-596).
Segundo Comte-Sponville, imaginar é
representar imagens anteriormente, sobretudo quando o que se representa esta
ausente. Para Sartre, isto é um perigo e uma vantagem: A Arte nos liberta do
real, mas também nos distancia dele. A imaginação vai servir de mediadora entre
o vivido e o pensado. Por tudo isso, fica claro o Cuidado que o educador deve
ter, e é importante não menosprezar a capacidade de crianças e adolescentes, ou
do público nomeado “carente cultural”, de compreender por meio do sentimento.
Considerações finais
A rica produção intelectual
proveniente das mais diversas orientações teóricas pode abrir as possibilidades
de melhor compreensão das funções da educação e do ensino, e dos problemas
atuais da sociedade, dos bairros, e da comunidade que adentram os portões das
escolas.
Ainda assim, é pouco interessante ao
sistema de ensino brasileiro, marcado pelo déficit de profissionais
qualificados e de políticas que não colaboram com a melhoria do ensino, não
oferecendo suporte e infraestrutura suficientes, ocasionando o não
desenvolvimento das competências necessárias para formar cidadãos atuantes e
críticos frente à realidade vivenciada na sociedade.
Assim, refletimos que se trata
justamente do que se designaram a fazer, que é atrasar a educação e agravar, o
que torna o país cada vez mais desigual, mantendo as pessoas, principalmente de
camadas populares, distantes da boa educação e tornando-as cada vez mais
alienadas, alvo fácil de manipulação.
Referências bibliográficas
ARANHA,
Maria L. Arruda, Martins, Maria H. Pires. Filosofando:
Introdução à Filosofia – 4. Ed.- São Paulo: Moderna, 2009. Unid. 7. Pág.400
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DIAS,
Cláudia e Fernandes, Denise. Pesquisa e
métodos científicos. Brasília, março 2000.
GOMES,
Karina B.; NOGUEIRA, Sonia M. de Almeida. Ensino
da Arte na escola pública e aspectos da política educacional: contexto e
perspectivas. (Ensaio: Avaliação das Políticas Públicas Educacionais). Rio
de Janeiro, v 16, n. 61, pág. 583-596, out/dez.2008.
JESUS,
D. M. Educação inclusiva: uma proposta
construída na/pela prática. Cadernos de Pesquisa em Educação,
Vitória, ES, v. 8, n. 15, 2002.
Lei
nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixam
diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências.
Leis, Brasília, DF, 1971.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em 29/06/2014.
Lei
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da República
Federativa do Brasil], Brasília, DF, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 27.839.
MAGALHÃES,
A. D. T. V. Ensino de arte: perspectivas
com base na prática de ensino. In: BARBOSA, A. M. (Org.). Inquietações e
mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002.
MEIRA,
M. R. Educação estética, arte e cultura
do cotidiano. In: PILLAR, A.
D. (Org.). A educação do olhar no ensino das artes. Porto Alegre:
Mediação, 2003.
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